Amante da Odontologia, Amante da Vida. Pioneiro, desbravador, polêmico, Professor !
Dr. Décio se foi e há o risco de muitos jovens não saberem quem de fato nos deixou.
A Estomatologia não perdeu apenas um seu ex-presidente, ou sócio fundador. Ela perdeu aquele que lutou, arrombou portas, pavimentou caminhos, por onde hoje muitos trilham.
Não pretendo descrever Dr. Décio e seu trabalho, pois isso não é tarefa fácil.
Multifacetado, inquieto, inconformado, ele ateou a chama da busca pela ciência, pelo conhecimento e pelo melhor para os pacientes em centenas de corações de residentes, estagiários, estudantes, que passaram por ele, ou no Hospital do Câncer, ou nas Universidades em que ministrou aulas.
Seu trabalho no Hospital do Câncer em São Paulo, iniciado em 1958, é um marco da Estomatologia brasileira, pois lá aprendeu e ensinou aos cirurgiões-dentistas a falarem de igual para igual com os médicos. Sempre ensinou que nós precisávamos estudar muito, não para valorizarmos a nós mesmos, mas sim, a Odontologia.
Ele foi durante muitos anos, um autêntico embaixador da Odontologia na área da Oncologia, pois não havia quem quisesse estudar a área sem ir ao Hospital do Câncer. Sempre manteve as portas abertas, sempre estimulou a todos, pois seu objetivo maior sempre foi a Qualidade de Vida dos Pacientes.
Não há um dia da minha vida profissional que não me lembre dos seus ensinamentos, especialmente daqueles que falavam ao coração. Dr. Décio primava pelo amor profundo aos pacientes, que demonstrava pelo respeito e profissionalismo que sempre dedicou aos doentes e aos alunos que estavam por perto.
Polêmico, cheio de idéias próprias, sempre permitiu e estimulou a controvérsia, fazendo com que pelo próprio antagonismo, surgissem caminhos alternativos fantásticos para a solução de problemas que ora pareciam insolúveis. Em qualquer grupo científico que participasse, sempre seria possível concordar ou discordar dele, mas seria impossível ignorá-lo.
Pela sua constante ironia e irreverência, tenho quase certeza de que nesse momento em que sentimos muita tristeza pelo seu passamento, ele estaria dando sonoras gargalhadas, que emendariam em um engasgo, seguido de tosse. Embora tenha sido um exemplo de seriedade profissional, nunca se levou a sério.
Em sua homenagem, vou tentar esquecer um pouco a tristeza e irei me lembrar sempre do dia 4 de fevereiro como o Dia da Estomatologia, para jamais esquecer o papel que esse homem teve na minha formação e na de inúmeros outros colegas, com os quais compartilho o sentimento de gratidão e respeito.
À família, D. Geanette, Decinho, Laís, Maristher, netos e netas, Cristina e ao jovem Murilo, minha solidariedade, carinho e respeito, de um afilhado e filho postiço que sempre honrará o seu Mestre.
Vai com Deus, meu querido Dr. Décio !
LUCIANO DIB